sábado, 12 de abril de 2014

LYS, como a flor de uma batalha perdida pelos portugueses



A verdadeira «avenida mais longa de Lisboa», que Miguéis tão bem descreveu em «Saudades para D. Genciana». Nos seus primeiros anos, era o orgulho da cidade inteira. Começavam a circular os carros eléctricos, a construir-se os mais rebuscados prédios de rendimento. E podia ouvir-se uma agulha cair nas pedras da calçada.

A década de 1930 justificava já instalação de cinema de bairro, com requintes arquitectónicos únicos e uma programação de excelência dentro do estilo «reprise»: dois filmes seguidos pelo preço de um. O Cinema Lys recebeu o nome de uma flor que evoca a Portugal uma das suas mais tristes batalhas de sempre. Mas fez cinéfilos de todos os moradores do bairro dos Anjos, entre 1933 e 1973. Depois, mudou de nome para Roxy, passou a «estreia», beneficiando do tempo em que cada filme passava numa única sala de cada cidade. O advento das multi-salas e das multi-estreias ditou-lhe destino adverso em 1988. Hoje, com as paredes escurecidas e desfiguradas, é uma sapataria.
Leia sobre a Avenida Almirante Reis, a Freguesia dos Anjos e muitos dos seus locais emblemáticos nos 10 volumes já publicados da LISBOA DESAPARECIDA © de MARINA TAVARES DIAS (1987-2009), assim como em vários outros livros da escritora.

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